Com o desenvolvimento do processo de urbanização surge a necessidade de aprendizagem da leitura e da escrita e, conseqüentemente, as campanhas de combate ao analfabetismo.
Vidal (2001) em seu estudo sobre as práticas de leitura escolar, entre 1920 e 1930, adotando os conceitos de estratégia e tática, formulados por Michel de Certeau, isto é, das relações de força e formas de apropriação do objeto para entender a cultura escolar, concluiu que a leitura foi destacada dos outros saberes escolares e assumiu uma especificidade disciplinar, fixando formas apropriadas de leitura, critérios, escolha de títulos, entre outros, formulando padrões que permanecem até hoje, principalmente, delegando a tarefa do trabalho com a leitura somente aos professores de Língua Portuguesa. Por outro lado, a apropriação dos saberes por professores e alunos deu-se de maneira fragmentada e equivocada, já que, por exemplo, apesar das justificativas demonstradas por estudos científicos naquele momento sobre a importância da leitura silenciosa, a escola persistia e persiste até nossos dias em praticar a leitura oral.
O subdesenvolvimento do Brasil, manifestado a partir de 1950, leva a outra mudança na escola, visando a formação de mão-de-obra especializada necessária ao mercado de trabalho. Surge, então, a Lei n.o 5.692, de 1971 que propõe um ensino profissionalizante aliado a uma formação geral para a maioria e intelectual para os que tivessem vocação e competência e que teve conseqüências desastrosas para a educação. Constata-se um número maior de alfabetizados, mas não necessariamente de leitores.
Joyce Sanchotene
Nenhum comentário:
Postar um comentário