terça-feira, 4 de dezembro de 2012

As Cismas do Destino (Augusto dos Anjos)


         

Recife. Ponte Buarque de Macedo.
Eu, indo em direção à casa do Agra,
Assombrado com a minha sombra magra,
Pensava no Destino, e tinha medo!
 
Na austera abóbada alta o fósforo alvo
Das estrelas luzia... O calçamento
Sáxeo, de asfalto rijo, atro e vidrento,
Copiava a polidez de um crânio calvo.
 
Lembro-me bem. A ponte era comprida,
E a minha sombra enorme enchia a ponte,
Como uma pele de rinoceronte
Estendida por toda a minha vida!
 
A noite fecundava o ovo dos vícios
Animais. Do carvão da treva imensa
Caía um ar danado de doença
Sobre a cara geral dos edifícios!
 
Tal uma horda feroz de cães famintos,
Atravessando uma estação deserta,
Uivava dentro do eu, com a boca aberta,
A matilha espantada dos instintos!
 
Era como se, na alma da cidade,
Profundamente lúbrica e revolta,
Mostrando as carnes, uma besta solta
Soltasse o berro da animalidade.
 
E aprofundando o raciocínio obscuro,
Eu vi, então, à luz de áureos reflexos,
O trabalho genésico dos sexos,
Fazendo à noite os homens do Futuro.
 
(Trecho de As Cismas do Destino, de Augusto dos Anjos).       

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Inconfesso Desejo Carlos Drummond de Andrade



Queria ter coragem
Para falar deste segredo
Queria poder declarar ao mundo
Este amor
Não me falta vontade
Não me falta desejo
Você é minha vontade
Meu maior desejo
Queria poder gritar
Esta loucura saudável
Que é estar em teus braços
Perdido pelos teus beijos
Sentindo-me louco de desejo
Queria recitar versos
Cantar aos quatros ventos
As palavras que brotam
Você é a inspiração
Minha motivação
Queria falar dos sonhos
Dizer os meus secretos desejos
Que é largar tudo
Para viver com você
Este inconfesso desejo

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

sexta-feira, 18 de maio de 2012

sexta-feira, 11 de maio de 2012

HELENA KOLODY

sexta-feira, 20 de abril de 2012

AULA DE INGLÊS Rubem Braga

Minha tendência imediata foi responder que não;mas a gente não deve se deixar levar pelo primeiroimpulso. Um rápido olhar que lancei à professorabastou para ver que ela falava com seriedade, etinha o ar de quem propõe um grave problema. Emvista disso, examinei com a maior atenção o objetoque ela me apresentava.Não tinha nenhuma tromba visível, de onde umapessoa leviana poderia concluir às pressas que nãose tratava de um elefante. Mas se tirarmos a trombaa um elefante, nem por isso deixa ele de ser umelefante; e mesmo que morra em conseqüência dabrutal operação, continua a ser um elefante;continua, pois um elefante morto é, em princípio,tão elefante como qualquer outro. Refletindo nisso,lembrei-me de averiguar se aquilo tinha quatro patas, quatro grossas patas, como costumam ter os elefantes. Não tinha. Tampouco consegui descobrir opequeno :rabo que caracteriza o grande animal eque, às vezes, como já notei em um circo, elecostuma abanar com uma graça infantil.Terminadas as minhas observações, voltei-me para.a professora e disse convictamente:- No, it's not!Ela soltou um pequeno suspiro, satisfeita: ademora de minha resposta a havia deixadoapreensiva. Imediatamente me perguntou:- Is it a book?Sorri da pergunta: tenho vivido uma parte deminha vida no meio de livros, conheço livros, lidocom livros, sou capaz de distinguir um livro àprimeira vista no meio de quaisquer outros objetos,sejam eles garrafas, tijolos ou cerejas maduras -sejam quais forem. Aquilo não era um livro, e mesmosupondo que houvesse livros encadernados em louça,aquilo não seria um deles não parecia de modo algumum livro. Minha resposta demorou no máximo doissegundos.- No; it's not!Tive o prazer de vê-la novamente satisfeita. -mas só por alguns segundos. Aquela mulher era umdesses espíritos insaciáveis que estão sempre a sepropor questões, e se debruçam com uma curiosidadeaflita sobre a natureza das coisas.- Is it a handkerchief?Fiquei muito perturbado com essa pergunta. Paradizer a verdade, não sabia o que poderia ser umlaandkerchief?talvez fosse hipoteca... Não, hipoteca não. Por quehaveria de ser hipoteca? Handkerchief! Era umapalavra sem a menor sombra de dúvida antipática;talvez fosse chefe de serviço ou relógio de pulsoou ainda, e muito provavelmente, enxaqueca. Fossecomo fosse, respondi impávido.

No it's not!Minhas palavras soaram alto, com certa violência,

pois me repugnava admitir que aquilo ou qualqueroutra coisa nos meus arredores pudesse ser umhandkerchief.Ela então voltou a fazer uma pergunta. Desta vez,porém, a pergunta foi precedida de um certo olharem que havia uma luz de malícia, uma espécie deinsinuação, um longínquo toque de desafio. Sua vozera mais lenta que das outras vezes; não soucompletamente ignorante em psicologia feminina, eantes dela abrir a boca eu já tinha a certeza deque se tratava de uma pergunta decisiva.- Is it an ash-tray?Uma grande alegria me inundou a alma. Em primeirolugar porque, eu sei o que é um ash-tray: um ash-tray é um cinzeiro. Em segundo lugar onde porque,fitando o objeto que me apresentava, notei umaextraordinária semelhança entre ele e um ash-tray.Sim. Era um objeto de louça de forma oval, comcerca de 13 centímetros de comprimento.As bordas eram da altura aproximada de umcentímetro, e nelas havia reentrâncias curvas -duas ou três - na parte superior. Na depressãocentral, uma espécie de bacia delimitada por essasbordas, havia pequeno pedaço de cigarro fumado (umabagana) e, aqui e ali, cinzas esparsas, além de umpalito de fósforos já riscado. Respondi:

Yes!O que sucedeu então foi indescritível. A boasenhora teve rosto completamente iluminado por umaonda de alegria; os olhos brilha - vitória!vitória! - e um largo sorriso desabrochourapidamente lábios havia pouco franzidos pelameditação triste e inquieta. Ergueu-se um pouco dacadeira e não se pôde impedir de estender o braço ebater no ombro, ao mesmo tempo que exclamava, muitoexcitada:- Very well! Very well!Sou um homem de natural tímido, e ainda mais nolidar com mulheres. A efusão com que ela festejavaminha vitória me perturbou um susto, senti vergonha

e muito orgulho.Retirei-me imensamente satisfeito daquelaprimeira aula; andei na com passo firme e ao ver,na vitrina de uma loja, alguns belos cachimbosingleses, tive mesmo a tentação de comprar um.Certamente teria entabulado uma longa conversaçãocom o embaixador britânico, se o entrasse naquelemomento. Eu tiraria o cachimbo da boca e lhe diria:- It's no't an ash-tray!E ele na certa ficaria muito satisfeito por verque eu sabia falar inglês, pois deve ser sempreagradável a um embaixador ver que sua língua natalcomeça a ser versada pelas pessoas de boa-fé dopaís junto cujo governo e acreditado.Maio, 1945

terça-feira, 17 de abril de 2012

Vinicius de Moraes Zélia Gattai

Graças a uma das visitas de Vinicius à nossa casa, salvou-se a série de canções para crianças, de sua autoria:

À beira da piscina, o inseparável copo de uísque ao lado, violão em punho, Vinicius cantava.

Faço um parênteses para me desculpar. Na afobação de querer contar logo a história que me veio à memória — como já devem ter percebido, não tenho anotações, tiro tudo da cachola à medida que as lembranças chegam — esqueci-me de pedir licença para, ainda uma vez, avançar no tempo. Peço agora, pois devo explicar como foi que as músicas infantis de Vinicius de Moraes se salvaram. Avanço tanto, tanto, que falo até de meus netos, os três que existiam na época: Mariana, Bruno e Maria João.

Nessa ocasião, o amor de Vinicius, sua mulher, era uma baiana, Gessy Gesse, a quem devemos a vinda do poeta à Bahia, onde até uma casa ele construiu, disposto a ancorar entre o mar e os coqueiros de Itapuã.

Estávamos à beira da piscina e Vinicius cantava — como foi dito — quando chegaram meus três netos.

Eu agora vou cantar umas musiquinhas para vocês, disse Vinicius às crianças, e começou: Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada... Espera aí, interrompi, vou buscar um gravador. Assim dizendo saí ligeiro. Voltei em seguida, gravadorzinho ligado e ele recomeçou: Lá vem o pato, pato aqui, pato acolá... Cantou todas as canções, intercalando entre elas uma chama, da: Esta é para Marianinha!... Esta é para Bruninho!... Esta é para Maria João!... Encantadas, as crianças ouviam as músicas pela primeira vez, pois elas ainda não haviam sido gravadas naquela ocasião. Ao saber que não restara nenhuma gravação delas após a morte de Vinicius, entreguei meu cassete à Gilda Queiroz Matoso, última e amada companheira do poeta até seus derradeiros momentos. Gravação precária, porém a única que restou e é a que se ouve até hoje.

Vinicius tornou-se íntimo de Calasans Neto e Auta Rosa, adorava o casal, alugou casa em Itapuã antes de construir a própria, queria ficar perto deles.

A rua da Amoreira, onde moravam — e moram até hoje — Calasans e Auta Rosa, era um horror: lama, buraqueira e, como se isso não bastasse, havia esgoto a céu aberto.

Freqüentador assíduo da casa, inconformado com a situação dessa rua, Vinicius não teve dúvida, redigiu uma petição em versos ao prefeito de Salvador. No poema, verdadeiro primor, pedia-lhe atenção e carinho para a rua.

Combinou com Jorge, que conseguiu a publicação do poema-petição na primeira página do jornal A Tarde.


Petição ao Prefeito

Prefeito Clériston Andrade
A quem ainda não conheço:
Quero tomar a liberdade
Que eu nem sequer sei se mereço
De vir pedir,lhe, em causa justa
Um obséquio que, sem favor
Muito honraria (e pouco custa!)
Ao Prefeito de Salvador.
Existe ali no Principado
Livre e Autônomo de Itapuã
Uma ruazinha que, sem embargo
Pertence à sua jurisdição
Uma rua não sem poesia
E cujo título é dar teto
A uma das glórias da Bahia:
O gravador Calasans Neto.
Dizer do estado dessa ruela
(Da Amoreira) eu não arrisco
Porque sem esgotos, correm nela
Rios de ... — Valha-me o asterisco!
E isso é uma pena, Senhor Prefeito
Pois Calasans e sua gravura
Têm cada dia mais procura
De fato como de direito:
O que constrange os visitantes
Com boa margem de estrangeiros
A, entre gravuras fascinantes
Ver quadros nada lisonjeiros.
Calce essa rua, Senhor Alcaide
E eu lhe garanto que algum dia
Pro domo sua, esta Cidade
O há de lembrar com mais valia.
Na expectativa de que acorde
Um novo "Cumpra, se" , sem mais
Aqui se assina, muito ex-corde
O seu, Vinicius de Moraes.


Tiro e queda, a resposta do prefeito foi imediata, em pouco tempo a rua de Auta e Calá foi consertada e asfaltada e, diga-se de passagem, ela foi, por algum tempo, a única rua asfaltada das imediações.

Naqueles tempos, a decantada beleza de Itapuã se resumia no mar, nas praias, nos coqueirais e nas canções de Dorival Caymmi.

Para festejar o acontecimento, Jenner Augusto e Luísa ofereceram um almoço ao qual Vinicius compareceu vestido de gari da limpeza pública, levando para Calá e Auta a petição, enquadrada.

terça-feira, 3 de abril de 2012

The Art of Rebecca Dautremer

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Os bonecos de barro CLARICE LISPECTOR

O que ela amava acima de tudo era fazer bonecos de barro — o que ninguém lhe ensinara. — Trabalhava numa pequena calçada de cimento em sombra, junto à última janela do porão. Quando queria com muita força ia pela estrada até ao rio. Numa de suas margens, escalável embora escorregadia, achava-se o melhor barro que alguém poderia desejar: branco, maleável, pastoso: frio. Só em pegá-lo, em sentir sua frescura delicada, alegrezinha e cega, aqueles pedaços timidamente vivos, o coração da pessoa se enternecia úmido quase ridículo. Virgínia cavava com os dedos aquela terra pálida e lavada — na lata presa à cintura iam se reunindo os trechos amorfos. O rio em pequenos gestos molhava-lhe os pés descalços e ela mexia os dedos úmidos com excitação e clareza. As mãos livres, ela então cuidadosamente galgava a margem até a extensão plana . No pequeno pátio de cimento depunha a sua riqueza. Misturava o barro à água, as pálpebras frementes de atenção — concentrada, o corpo à escuta, ela podia obter uma porção exata de barro e de água numa sabedoria que nascia naquele mesmo instante, fresca e progressivamente criada. Conseguia uma matéria clara. e tenra de onde se poderia modelar um mundo. Como, como explicar o milagre... Ela se amedrontava pensativa. Nada dizia, não se movia, mas interiormente sem nenhuma palavra repetia: Eu não sou nada, não tenho orgulho, tudo me pode acontecer; se quiser, me impedirá de fazer a massa de barro; se quiser, pode me pisar, me estragar tudo; eu sei que não sou nada. Era menos que uma visão, era uma sensação no corpo, um pensamento assustado sobre o que lhe permita conseguir tanto barro e água e diante de quem ela devia humilhar-se com seriedade . Ela lhe agradecia com uma alegria difícil, frágil e tensa; sentia em alguma coisa como o que não se vê de olhos fechados. Mas o que não se vê de olhos fechados tem uma existência e uma força, como o escuro, como a ausência — compreendia-se ela, assentindo feroz e muda com a cabeça. Mas nada sabia de si, passaria inocente e distraída pela sua realidade sem reconhecê-la; como uma criança, como uma pessoa. Depois de obtida a matéria, numa queda de cansaço ela poderia perder a vontade de fazer bonecos. Então ia vivendo para a frente como uma menina. Um dia, porém, sentia seu corpo aberto e fino, e no fundo uma serenidade que não se podia conter, ora se desconhecendo, ora respirando trêmula de alegria, as coisas incompletas. Ela mesma insone como luz — esgazeada, fugaz, vazia, mas no íntimo um ardor que era vontade de guiar-se a uma só coisa, um interesse que fazia o coração acelerar-se sem ritmo... de súbito, como era vago viver. Tudo isso também poderia passar, a noite caindo repentinamente, a escuridão fresca sobre o dia morno. Mas às vezes ela se lembrava do barro molhado, corria alegre e assustada para o pátio: mergulhava os dedos naquela mistura fria, muda e constante como uma espera; amassava, amassava, aos poucas ia extraindo formas. Fazia crianças, cavalos, uma mãe com um filho, uma mãe sozinha, uma menina fazendo coisas de barro, um menino descansando, uma menina contente, uma menina vendo se ia chover, uma flor, um cometa de cauda salpicada de areia lavada e faiscante, uma flor murcha com sol por cima, o cemitério do Brejo Alto, uma moça olhando... Muito mais, muito mais. Pequenas formas que nada significavam, mas que eram na realidade misteriosas e calmas. Às vezes alta como uma árvore alta, mas não eram árvores, m:to eram nada...Ás vezes um pequeno objeto de forma quase estrelada, mas sério e cansado como uma pessoa. Um trabalho que jamais acabaria, isso era o que de mais bonito e atento ela já soubera. Pois se ela podia fazer o que existia e o que não existia!... Depois de prontos, os bonecos eram colocados ao sol. Ninguém lhe ensinara, mas ela os depositava nas manchas de sol no chão, manchas sem vento nem ardor. O barro secava mansamente, conservava o tom claro, não enrugava, não rachava. mesmo quando seco parecia delicado, evanescente e úmido. E ela própria podia confundi-lo com o barro pastoso. As figurinhas assim, pareciam rápidas, quase como se fossem se desmanchar — e isso era como se elas fossem se movimentar. Olhava para o boneco imóvel e mudo. Por amor ou apenas prosseguindo o trabalho ela fechava os olhos e se concentrava numa força viva e luminosa, da qualidade do perigo e da esperança, numa força de sede que lhe percorria o corpo celeremente com um impulso que se destinava à figura. Quando, enfim, se abandonava, seu fresco e cansado bem-estar vinha de que ela podia enviar, embora não soubesse o que, talvez. Sim ela às vezes possuía um gosto dentro do corpo, um gosto alto e angustiante que tremia entre a força e o cansaço — era um pensamento como sons ouvidos, uma flor no coração: Antes que ele se dissolvesse, maciamente rápido, no seu ar interior, para sempre fugitivo, ela tocava com os dedos num objeto, entregando-o. E, quando queria dizer algo que vinha fino, obscuro e liso — e isso poderia ser perigoso — ela encostava um dedo apenas, um dedo pálido, polido e transparente, um dedo trêmulo de direção. No mais agudo e doído do seu sentimento ela pensava: Sou feliz. Na verdade, ela o era nesse instante, e se em vez de pensar: Sou feliz, procurava o futuro, era porque, obscuramente, escolhia um movimento para a frente que servisse de forma à sua sensação. Assim juntara uma procissão de coisas miúdas. Quedavam-se quase despercebidas no seu quarto. Eram bonecos magrinhos e altos como ela mesma. Minuciosos, ligeiramente desproporcionados, alegres, um pouco perplexos — às vezes, subitamente, pareciam um homem coxo rindo. Mesmo suas figurinhas mais suaves tinham uma imobilidade atenta como a de um santo. E pareciam inclinar-se, para quem as olhava, também como os santos. Virgínia podia fitá-las uma manhã inteira, que seu amor e sua surpresa não diminuiriam. — Bonito... bonito como uma coisinha molhada, dizia ela excedendo-se num ímpeto imperceptível e doce. Ela observava: mesmo bem acabados, eles eram toscos como se pudessem ainda ser trabalhados. Mas vagamente, ela pensava que nem ela nem ninguém poderia tentar aperfeiçoá-los sem destruir sua linha de nascimento . Era como se eles só pudessem se aperfeiçoar por si mesmos, se isso fosse possível. As dificuldades surgiam como uma vida que vai crescendo. Seus bonecos, pelo efeito do barro claro, eram pálidos. Se ela queria sombreá-los não o conseguia com o auxílio da cor, e por força dessa deficiência aprendeu a lhes dar sombra ainda por meio de forma. Depois inventou uma liberdade: com uma folhinha seca sob um fino traço de barro conseguia um vago colorido, triste assustada quase inteiramente morto. Misturando barro à terra, obtinha ainda outro material menos plástico, porém mais severo e solene. MAS COMO FAZER O CÉU? Nem começar podia! Não queria nuvens — o que poderia obter, pelo menos grosseiramente — mas o céu, o céu mesmo, com sua existência, cor solta, ausência de cor. Ela descobriu que precisava usar uma matéria mais leve que não pudesse sequer ser apalpada, sentida, talvez apenas vista, quem sabe! Compreendeu que isso ela conseguiria com tintas. E às vezes numa queda, como se tudo se purificasse, ela se contentava em fazer uma superfície lisa, serena, unida, numa simplicidade fina e tranqüila.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Aprender a ler

Para aprender a ler, é preciso estar integrado a um grupo heterogêneo que realmente utiliza a escrita ( ou seja, aprender a ler lendo): a leitura é uma função social. (Foucambert, 1994, p.70)
Dicionário inFormal

O dicionário de português gratuito para internet, onde as palavras são definidas pelos usuários.
Uma iniciativa de documentar on-line a evolução do português.
Não deixe as palavras passarem em branco, participe definindo o seu português!


http://www.dicionarioinformal.com.br/

Entrevistas com autores brasileiros

http://www.cronopios.com.br/perfil_literario/

Minha lista de blogs

Itens compartilhados de joyce

Páginas