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“Vou embora”, diz,
pisando nas terras de solidão
em que me transformei.
“Te faço sofrer”.
Lá fora as flores abrem-se
em pétalas noturnas.
Se pudesse lhe mostraria o céu,
derramaria no tapete dias existidos
dos tempos em que fomos felizes.
A sombra do seu olhar.
Urgências de um novo amor,
revolta em ter-me ao lado,
a alma dividida.
Peço que fique num fio de voz.
Mais um pouco, mais um dia,
mais uma vez.
Aquiescência.
A madrugada avança,
os bares estão fechados.
Amor migra,
ave em desespero,
paixão alucinada.
Sem sossego
sei que virá a temida hora
a qualquer hora...
Vazio da noite, abismo,
meu medo,
a sombra do seu olhar.
Zeca Corrêa Leite
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